As vantagens de ser invisível.

Publicado: julho 22, 2017 em Melancolia

Ouvi dizer que o amor existe.

Eu não o alcanço, nunca alcancei e por mais que estique os braços jamais consegui tocar. Sentir o prazer de se entregar por inteiro. Não recordo de vive-lo.

Aprendi a recuar e me proteger.

Tive chances de tentar. E creio que a insegurança e imaturidade de nós, jovens, estragaram todo o lúdico do amor ao passar dos anos.

Não sinto que exista meu ideal de amor.

A troca de uma parceria.

A fidelidade na companhia.

Se sentir inserido em um espaço construído junto.

Ser o mundo de alguém…

Algumas pessoas já foram meu mundo, meu chão, meu ar e quase sufoquei.

Aprendi a recuar.

Estar com um amor é meu momento preferido.

É meu todo resto esquecido.

Não o substituo por outra pessoa. Carrego comigo.

Compartilho com todos o especial que há nele. Mas nunca o deixo…

Meus olhos transparecem quando amo. Meu corpo sofre quando me afasto. Minha alma grita quando simplesmente me ignora.

Me sinto um ser menor a procura de certas atenções.

E isso não deveria ser amor.

Não se deve implorar por ele. O mesmo desejo de estar deveria ser mútuo.

Aprendi a me proteger, eu, que sempre implorei por amor.

Ao ver as súplicas de agora, choco com essa capacidade asna em escolher seres errôneos.

Enxergamos o amor que achamos que merecemos ter.

Eu enxergo muito mal e ainda sim caio na mesma armadilha a cada ciclo de vida.

Sim, vivo por ciclos.

Carrego feridas que construíram minha bolha.

Aprendi.

Fecho meu ciclo. Fecho meu coração. Fecho meu ser.

Me torno invisível para poder me ver.

E desacredito a cada erro alheio.

Desacredito a cada abandono bobo.

Desacredito até quando me fazem querer acreditar.

O se sentir trocado. Abandonado. Traz a tona uma tristeza obscura.

Vendo tanto desamor onde fingem haver amor e eu ali ao lado com o meu verdadeiro.

Por que é tão difícil salvar alguém?

Eis a dificuldade de salvar a mim mesmo.

Dentro dessa redoma tento construir o amor maior.

Aquele que cabe apenas nesse espaço invisível construído por minha sanidade.

O amor por mim.

Aprendi a recuar e me proteger.

Mas sinto raiva pela falta de coragem.

O universo enxerga uma união e eu em uma eterna ida e vinda para dentro e para fora de uma bolha invisível que protege uma alma descrente.

É nessa bolha em que recarrego meu ser, minha crença na vida, nas possibilidades.

Onde ouço uma musica no meu mundo particular e consigo novamente sentir!

Minha alma clama por sentir!

Na música, dentro da bolha invisível, onde abandono as dores, a vida, os traumas, que me sinto.

Eis a vantagem de ser invisível.

Poder se sentir infinito e retirar o peso do não amor.

Desplugar a tomada da vida sem sofrer a ânsia da espera por migalhas.

Aprendi a recuar e me proteger.

Aprenderam a avançar e rasgar a bolha.

Aprenderam a me usar e me abandonar em um lugar frágil.

Uma eterna construção e destruição.

É chegada a hora de partir, reaprender a recuar, me proteger e ser mais infinito.

 

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